Ética e Liderança Cristã: Princípios bíblicos de liderança pastoral

sexta-feira, 23 de março de 2007

Princípios bíblicos de liderança pastoral



por Ary Velloso

INTRODUÇÃO

Nesta série abordarei vários Princípios Bíblicos que um pastor, liderando a sua igreja, enfrenta no seu dia a dia. Procurarei não ser tão técnico, mas ir de encontro às necessidades reais que todos nós enfrentamos no ministério pastoral. Estes estudos são frutos de pesquisa, mas sobretudo associados a minha vida diária de pastor.

Neste primeiro artigo, desejo chamar atenção para um problema que nós pastores enfrentamos constantemente em nossas igrejas, ou seja: "0 problema da disciplina".

Em uma estatística notei que, numa certa região do país, as igrejas haviam recebido 989 membros e excluídos, nesse mesmo ano, 809. Por que tantas exclusões? Será que estamos realmente zelando pela pureza da fé e pela beleza da vida cristã em nossas igrejas? Será que muitas destas exclusões não são resultados de partidarismo que divide a igreja, legalismo extremo ou, muitas vezes, capricho pastoral? É certo que uma das razões de tantas exclusões é a falta de ensino bíblico, de uma integração sadia dos novos convertidos, e de uma preocupação incessante com o crescimento dos que já estão envolvidos em nossas igrejas.

Mas, o que desejo aqui, é levantar uma pergunta para o pastor amigo: Será que estamos, nós, cientes, dos princípios que envolvem a disciplina e consequentemente a exclusão de um irmão?

Antes de disciplinarmos qualquer pessoa, temos que considerar alguns textos chaves que lidam com esta matéria: Mateus 18.15-20; 1Coríntios 8; Romanos 14; 1Coríntios 5.
Ainda que brevemente, notemos os passos a serem tomados na disciplina de alguém: Mateus 18.15-20: Primeiro Passo: "Se o teu irmão pecar, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão". Temos nós, realmente, partido para obedecer este princípio? Temos dado ouvido àquele irmão que caiu em pecado? Está o irmão realmente arrependido?

Se aquele irmão,genuinamente mostra arrependimento, por que não perdoar e restaurar aquele irmão? Quem sabe se aquilo que você considera pecado, seu irmão não julga ser pecado? Exemplo: "Ir ao cinema"? "Jogar bola ou ir à praia no domingo". Eu não creio que isto seja pecado, mas à luz de 1Coríntios 8, é possível que até venha a ser, mas, é necessário muito amor, discernimento espiritual para ajudar este irmão. Mas, suponhamos que seja adultério, e este irmão confessa e abandona o pecado, só há uma coisa a fazer: amá-lo e encorajá-lo, ajudando-o a superar, porque, excluí-lo, não é a maneira de ajudá-lo.

No versículo 16, encontramos o Segundo Passo a ser tomado, caso o irmão persista no seu pecado (verifique se realmente é pecado e não legalismo de sua parte). "Se, porém, não te ouvir,toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça". Neste verso encontramos então o pastor acompanhado de outro irmão, conversando amorosa, mas firmemente com o irmão em pecado, e ele persistindo no erro. Então partimos para o Terceiro Passo encontrado no verso 17: "E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano".

Como notamos nestes três passos a serem tomados, Deus está preocupado que haja uma harmonia entre os crentes. Vemos no versículo 20: "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles". Este verso é muito usado em dias de chuva, quando apenas meia dúzia de pessoas aparece no culto ou na reunião de oração. Para nos justificar ou confortar os irmãos presentes, nós dizemos: "somos poucos, mas está escrito que onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles". Mas isto não é a verdade! O que Jesus está dizendo é que Ele não estará no nosso meio a não ser que os versículos 15, 16 e 17 já tenham sido aplicados. De fato no versículo 19 nós lemos: "Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus". A palavra usada no grego para "concordarem" significa sintonizar. Sintonia, sinfonia são derivados desta palavra. Em outras palavras, Jesus está dizendo que onde estiverem dois ou três reunidos em harmonia, em sintonia de espírito com o mesmo propósito de honrar e glorificar o nome d'Ele, Ele ali estará. Mas se o pecado que aparece no versículo 15, não for biblicamente resolvido, não haverá harmonia e a orquestra estará desafinada e a benção do Senhor ausente.

ILUSTRAÇÃO

Um irmão da igreja, veio falar comigo sobre a pressão em que ele se encontrava para mentir e conseqüentemente sair de uma grande dificuldade. Abri a Bíblia e mostrei para aquele irmão o que Deus pensava sobre a mentira. Ele saiu. No outro dia, voltou abatido, mas dizendo que não resistira a pressão, e mentiu. Eu lhe disse: Agora,já não é algo entre mim e você. No domingo, reuni alguns irmãos e em uma sala à parte, expus o problema para eles, estando presente o irmão envolvido. Em amor, mas com firmeza exortamos aquele irmão ao arrependimento, mostrando-lhe que uma igreja que deseja viver biblicamente, não pode ter os seus membros mentindo.

Houve choro, orações e saímos daquela reunião mais unidos e fortes em Cristo. E esta pessoa era um dos principais
líderes da igreja, mas não podemos em matéria de disciplina, nos comprometer fazendo acepções de pessoas; se fizermos, estaremos vendendo o nosso ministério em troca da aprovação dos homens e Deus não nos deixará impune.

RESUMINDO:

Temos que disciplinar os crentes faltosos, mas temos que ter todo cuidado para que a nossa disciplina seja executada de acordo com os princípios da Palavra de Deus e não por causa do nosso legalismo ou preconceitos pessoais.

Pastor amigo, como está você nesta área?

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